Suicídio
Publicado em 18 de setembro de 2009, sexta-feira.
A palavra suicídio (etimologicamente sui = si mesmo; -caedes = ação de matar) significa morte intencional auto-infringida, isto é, quando a pessoa, por desejo de escapar de uma situação de sofrimento intenso, decide tirar sua própria vida.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em 2020, aproximadamente 1,53 milhões de pessoas morrerão por suicídio no mundo. O suicídio é atualmente uma das três principais causas de morte entre os jovens e adultos de 15 a 34 anos, embora a maioria dos casos aconteça entre pessoas de mais de 60 anos. Ainda conforme informações da OMS, a média de suicídios aumentou 60% nos últimos 50 anos, em particular nos países em desenvolvimento. Cada suicídio ou tentativa provoca uma devastação emocional entre parentes e amigos, causando um impacto que pode perdurar por muitos anos.
Através da observação dos casos de suicídios, pode-se constatar que há certos fatores que estão relacionados a uma maior ou menor probabilidade de cometer o suicídio. Por exemplo, as mulheres tentam o suicídio 4 vezes mais que os homens, mas os homens o cometem (isto é, morrem devido a tentativa) 3 vezes mais do que as mulheres. Isso se explica pelo fato de os homens utilizarem métodos mais agressivos e potencialmente letais nas tentativas, tais como armas de fogo ou enforcamento, ao passo que as mulheres tentam suicídio com métodos menos agressivos e assim com maior chance de serem ineficazes, como tomar remédios ou venenos. A idade também está relacionada às taxas de suicídio, sendo que a maioria dos suicídios ocorre na faixa dos 15 aos 44 anos. Doenças físicas, tais como câncer, epilepsia e AIDS ou doenças mentais, como alcoolismo, drogadição, depressão e esquizofrenia, são fatores relacionados a taxas mais altas de suicídio. Além disso, uma pessoa que já tentou cometer o suicídio anteriormente tem maior risco de cometê-lo.
A forma mais pragmática é a divisão entre fatores de risco modificáveis e não modificáveis, na qual o impacto de alguns fatores de risco pode ser reduzido ou não por meio de intervenções. Os fatores de risco modificáveis são: o tratamento adequado e eficaz para o transtorno depressivo e a presença de arma de fogo no domicílio. Entre os fatores não modificáveis, estão às histórias pregressas e familiares e os aspectos demográficos, como sexo e idade.
O isolamento social e os problemas interpessoais são característicos de alguns transtornos psiquiátricos, sendo amplificados com a desvalorização social do idoso e outras discriminações, tornando fundamental a atenção nas avaliações de risco de suicídio.
Mais de 90% dos suicídios apresentam algum transtorno psiquiátrico associado, com depressão ou alcoolismo em 58% a 85% deles. A combinação de transtornos psiquiátricos tende a aumentar o risco de suicídio, em especial quando sintomas depressivos e ansiosos surgem em quadros tipicamente impulsivos. O risco de suicídio é maior em pacientes com transtorno depressivo, seguido por pacientes bipolares em estado misto. Durante a fase de mania, isso é algo relativamente raro.
A maior parte das pessoas com intenção suicida comunica seus pensamentos e suas intenções suicidas por meio de palavras que apresentam temas como sentimento de culpa, desvalia, ruína moral e desesperança. Quaisquer que sejam os problemas, os sentimentos e os pensamentos da pessoa suicida, eles tendem a serem os mesmos em todo o mundo. Os sintomas psiquiátricos com maior poder preditivo para tentativa de suicídio grave são: desesperança, insônia, intensa ansiedade e inquietação, impulsividade, agressividade, além de humor deprimido.
Há três características psicopatológicas comuns na mente dos suicidas:
Ambivalência: os desejos de viver e de morrer batalham em uma gangorra nos indivíduos suicidas. Há urgência em sair da dor de viver, mas um desejo de viver. Muitas pessoas suicidas não querem realmente morrer, isso vem à mente apenas porque estão infelizes com a vida naquele momento. Se for oferecido o apoio emocional necessário, o desejo de viver aumentará e o risco de suicídio diminuirá.
Impulsividade: o impulso de cometer suicídio é transitório e dura poucos minutos ou horas, sendo usualmente desencadeado por eventos negativos do dia-a-dia. Abrandando tal crise e ganhando tempo, o profissional da saúde pode ajudar a diminuir o desejo suicida com uma abordagem empática.
Rigidez: quando pessoas são suicidas, seus pensamentos, seus sentimentos e suas ações se mostram constritos. Elas pensam constantemente sobre o suicídio, não sendo capaz de perceber outras maneiras de resolver o problema. Elas pensam de maneira rígida e drástica. Auxiliá-las a sair dessa rigidez é um bom caminho para reduzir o risco.
Nos últimos anos, têm sido enfatizados os fatores de proteção. A capacidade de se recuperar diante das diversidades da vida é chamada de resiliência (como as fibras de um tapete, que, mesmo após serem pisadas, têm a capacidade de retornar ao natural). Ela pode ser inerente ou adquirida durante a vida antenatal, na educação infantil até a vida adulta.
Características da resiliência que favorecem a proteção ao comportamento suicida: confiança em si mesmo e em sua própria situação e realização, buscar ajuda quando encontrar dificuldades, abertura para experiência e soluções de outras pessoas, receber conselho diante de escolhas importantes, habilidade para comunicação, adoção de valores e tradições culturais específicos, religião e atividades religiosas, bons relacionamentos, amigos que não fazem uso de drogas, integração social, participação em atividades esportivas, senso de propósito em relação à própria vida, boas relações familiares, suporte familiar, ter filhos, consistente laço materno e/ou paterno, boa alimentação, bom sono, luz solar, exercício físico, ambiente sem drogas.
Pela diversidade de fatores e problemas associados à tentativa de suicídio, nenhuma medida singular é suficiente para todas as pessoas em risco. O conhecimento dos fatores de risco é imprescindível para uma avaliação clínica adequada da ideação suicida, pois precede a ocorrência de uma condição particular relacionada ou não à doença.
Os erros de julgamento e diagnóstico do potencial suicida são inevitáveis, mas os equívocos de omissão podem ser previsíveis se o avaliador executar o exame completo do risco de suicídio. Nesse sentido, os profissionais de saúde, os familiares e aos amigos desempenham papel fundamental na campanha contra o suicídio.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em 2020, aproximadamente 1,53 milhões de pessoas morrerão por suicídio no mundo. O suicídio é atualmente uma das três principais causas de morte entre os jovens e adultos de 15 a 34 anos, embora a maioria dos casos aconteça entre pessoas de mais de 60 anos. Ainda conforme informações da OMS, a média de suicídios aumentou 60% nos últimos 50 anos, em particular nos países em desenvolvimento. Cada suicídio ou tentativa provoca uma devastação emocional entre parentes e amigos, causando um impacto que pode perdurar por muitos anos.
Através da observação dos casos de suicídios, pode-se constatar que há certos fatores que estão relacionados a uma maior ou menor probabilidade de cometer o suicídio. Por exemplo, as mulheres tentam o suicídio 4 vezes mais que os homens, mas os homens o cometem (isto é, morrem devido a tentativa) 3 vezes mais do que as mulheres. Isso se explica pelo fato de os homens utilizarem métodos mais agressivos e potencialmente letais nas tentativas, tais como armas de fogo ou enforcamento, ao passo que as mulheres tentam suicídio com métodos menos agressivos e assim com maior chance de serem ineficazes, como tomar remédios ou venenos. A idade também está relacionada às taxas de suicídio, sendo que a maioria dos suicídios ocorre na faixa dos 15 aos 44 anos. Doenças físicas, tais como câncer, epilepsia e AIDS ou doenças mentais, como alcoolismo, drogadição, depressão e esquizofrenia, são fatores relacionados a taxas mais altas de suicídio. Além disso, uma pessoa que já tentou cometer o suicídio anteriormente tem maior risco de cometê-lo.
A forma mais pragmática é a divisão entre fatores de risco modificáveis e não modificáveis, na qual o impacto de alguns fatores de risco pode ser reduzido ou não por meio de intervenções. Os fatores de risco modificáveis são: o tratamento adequado e eficaz para o transtorno depressivo e a presença de arma de fogo no domicílio. Entre os fatores não modificáveis, estão às histórias pregressas e familiares e os aspectos demográficos, como sexo e idade.
O isolamento social e os problemas interpessoais são característicos de alguns transtornos psiquiátricos, sendo amplificados com a desvalorização social do idoso e outras discriminações, tornando fundamental a atenção nas avaliações de risco de suicídio.
Mais de 90% dos suicídios apresentam algum transtorno psiquiátrico associado, com depressão ou alcoolismo em 58% a 85% deles. A combinação de transtornos psiquiátricos tende a aumentar o risco de suicídio, em especial quando sintomas depressivos e ansiosos surgem em quadros tipicamente impulsivos. O risco de suicídio é maior em pacientes com transtorno depressivo, seguido por pacientes bipolares em estado misto. Durante a fase de mania, isso é algo relativamente raro.
A maior parte das pessoas com intenção suicida comunica seus pensamentos e suas intenções suicidas por meio de palavras que apresentam temas como sentimento de culpa, desvalia, ruína moral e desesperança. Quaisquer que sejam os problemas, os sentimentos e os pensamentos da pessoa suicida, eles tendem a serem os mesmos em todo o mundo. Os sintomas psiquiátricos com maior poder preditivo para tentativa de suicídio grave são: desesperança, insônia, intensa ansiedade e inquietação, impulsividade, agressividade, além de humor deprimido.
Há três características psicopatológicas comuns na mente dos suicidas:
Ambivalência: os desejos de viver e de morrer batalham em uma gangorra nos indivíduos suicidas. Há urgência em sair da dor de viver, mas um desejo de viver. Muitas pessoas suicidas não querem realmente morrer, isso vem à mente apenas porque estão infelizes com a vida naquele momento. Se for oferecido o apoio emocional necessário, o desejo de viver aumentará e o risco de suicídio diminuirá.
Impulsividade: o impulso de cometer suicídio é transitório e dura poucos minutos ou horas, sendo usualmente desencadeado por eventos negativos do dia-a-dia. Abrandando tal crise e ganhando tempo, o profissional da saúde pode ajudar a diminuir o desejo suicida com uma abordagem empática.
Rigidez: quando pessoas são suicidas, seus pensamentos, seus sentimentos e suas ações se mostram constritos. Elas pensam constantemente sobre o suicídio, não sendo capaz de perceber outras maneiras de resolver o problema. Elas pensam de maneira rígida e drástica. Auxiliá-las a sair dessa rigidez é um bom caminho para reduzir o risco.
Nos últimos anos, têm sido enfatizados os fatores de proteção. A capacidade de se recuperar diante das diversidades da vida é chamada de resiliência (como as fibras de um tapete, que, mesmo após serem pisadas, têm a capacidade de retornar ao natural). Ela pode ser inerente ou adquirida durante a vida antenatal, na educação infantil até a vida adulta.
Características da resiliência que favorecem a proteção ao comportamento suicida: confiança em si mesmo e em sua própria situação e realização, buscar ajuda quando encontrar dificuldades, abertura para experiência e soluções de outras pessoas, receber conselho diante de escolhas importantes, habilidade para comunicação, adoção de valores e tradições culturais específicos, religião e atividades religiosas, bons relacionamentos, amigos que não fazem uso de drogas, integração social, participação em atividades esportivas, senso de propósito em relação à própria vida, boas relações familiares, suporte familiar, ter filhos, consistente laço materno e/ou paterno, boa alimentação, bom sono, luz solar, exercício físico, ambiente sem drogas.
Pela diversidade de fatores e problemas associados à tentativa de suicídio, nenhuma medida singular é suficiente para todas as pessoas em risco. O conhecimento dos fatores de risco é imprescindível para uma avaliação clínica adequada da ideação suicida, pois precede a ocorrência de uma condição particular relacionada ou não à doença.
Os erros de julgamento e diagnóstico do potencial suicida são inevitáveis, mas os equívocos de omissão podem ser previsíveis se o avaliador executar o exame completo do risco de suicídio. Nesse sentido, os profissionais de saúde, os familiares e aos amigos desempenham papel fundamental na campanha contra o suicídio.

A Dra. Josiane Buratto é graduada em Psicologia, com formação em Psicanálise e Pós graduada em Obesidade e Emagrecimento. Clique aqui para conhecer mais nosso(a) especialista.